A plataformização do trabalho e a economização da vida: uma análise do fenômeno da ‘uberização’

Este ensaio tem como objetivo analisar a influência da economização da vida sobre a consolidação, o espalhamento e a aceitação do trabalho precário. Propósito que culminou no recorte adotado, qual seja, o fenômeno da ‘uberização’ e seus reflexos sobre a qualidade de vida do trabalhador. Nesta elaboração, optou-se por uma estratégia de argumentação que reforça a ideia de que a racionalidade neoliberal serve de sustentação ideológica à superexploração, marca da economia de compartilhamento. Verificou-se que as relações de trabalho uberizadas são forçosamente flexibilizadas, individualizadas, desmobilizadas e invisibilizadas, a bem da preservação da aparência de “prestação de serviços autônoma” e, consequentemente, da negação do vínculo empregatício. Assim, o estudo busca contribuir com a instrumentalização do debate acerca da necessidade de proteção do trabalhador sobre discursos e práticas que, apropriando-se de conceitos como inovação tecnológica, empreendedorismo e sucesso, naturalizam e fomentam a precarização do trabalho.